domingo, 18 de março de 2012

entachada

são duas da manhã e cheguei a casa há meia hora. tenho o pijama vestido, um copo de vinho ao lado e a televisão num canal manhoso qualquer.

é sábado à noite e não sou pessoa de estar em casa a esta hora neste dia. mas estou. e sem companhia. no instante em que nos preparávamos para pagar o telefone dele tocou e ... era a mulher. uma febre de um filho?!

são duas da manhã de um sábado à noite e eu, uma gaja de 37 anos que optou por não ter família para foder quem bem lhe apetecesse, estou em casa sozinha. porque um filho de um outro alguém está com febre. não fui mas fiquei fodida.

eu escolhi a vida que tenho. escolhi ser livre de me apaixonar vezes sem contas ou de me ficar apenas pelo prazer imediato. estou a borrifar-me que me julguem se trago um gajo todas as noites para casa. ou uma gaja! ou pelos gritos que soltamos. isso não me incomoda porque é a minha vida e o espaço que tenho para a viver, mas quando alguém desabafa, inocentemente, que o filho deles tem febre... isso fode-me e faz-me sentir uma galdéria. e não devia porque eu sou franca na forma como escolhi viver a minha vida, que outros não o façam não é algo que deva pesar na minha consciência. mas pesou. mas pesa.

por isso aqui estou eu, num sábado às duas da manhã, a beber um copo de vinho enfiada num pijama largo, com as meias por cima das calças e o cabelo apanhado à presa, a ver com uma merda de programa porque me esqueci do comando na mesa e tenho preguiça de me levantar. é sábado e, para variar, os meus vizinhos vão dormir descansados.

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